Aproveitando a efeméride do Dia de Bruxas, trago aqui para a seção de tradução um vídeo que produzi com três poemas de Machado de Assis, retirados de seu livro Ocidentais, que traduzi para o espanhol. E por que no Dia de Bruxas? Porque Machado de Assis é conhecido também pelo apelido de “o Bruxo de Cosme Velho” desde o dia em que os vizinhos o viram queimando papéis no quintal.
O motivo é muito sério: a tradução e a obra de Machado de Assis são dois assuntos, para mim, de grande relevância. O método, no entanto, é lúdico: uma brincadeira me permite dar um lembrete final. Vamos por partes.
Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), patrono das letras brasileiras, não necessita apresentação em português. No entanto, é possível que alguns leitores não saibam que além do expressivo número de contos, romances, novelas e poemas que publicou ao longo da vida, também praticou a crônica, o teatro e a tradução.
Aqui, eu proponho a tradução de três poemas para o espanhol: “Uma criatura“, “No alto” e “Soneto de Natal“. Não fiz uma busca exaustiva, mas tal parece que os dois últimos estavam inéditos em espanhol. De “Uma criatura” identifiquei uma tradução elaborada por Juan Gustavo Cobo Borda. Se você souber de outras traduções destes ou de outros poemas do Bruxo, fique à vontade para comentar!
Trata-se de três poemas escritos em versos alexandrinos: “Uma criatura”, composto de 8 estrofes em terça rima. “No alto” e “Soneto de Natal” são sonetos, porém o primeiro é de versos decassílabos e o último de alexandrinos, com pé quebrado nos dois últimos versos de cada estrofe.
Neste vídeo, uma abordagem lúdica me permite ilustrar a presença inescapável do tradutor – que não pode (e realmente nem deve, mas neste ponto há divergências) renunciar à própria identidade na tradução –, como um incentivo para as pessoas conhecerem os tradutores e tradutoras que produzem as versões que elas leem das obras que admiram.